15 de novembro de 2015

I'll never see you again

Visitem o meu novo blog: Intimorato

Eu nunca soube como lidar com a morte. Na verdade, eu nunca precisei. Posso contar nos dedos os familiares ou conhecidos, nem tão conhecidos, que morreram em uma época em que eu pudesse me lembrar de seus rostos e sentir realmente o vazio da morte.
Talvez um primo. Mas só ficamos “íntimos” pouco antes de sua morte. A minha avó? Eu tinha meses ou nem era nascida ainda. O único que realmente me afetou foi o Cory. Graças a ele, eu refleti: “E se por acaso, algum parente meu ou alguém que conviveu comigo realmente morrer? Como eu vou reagir?”.
Eu não preciso pensar mais. Hoje eu tive a minha resposta e simplesmente não sei. Não sei. É estranho? É. Eu já chorei? Sim, muito. Mas e aí?
Vou fazê-los entender. Há mais de um mês, quase dois, o meu avô estava internado e ninguém sabia dizer o porquê. Ele é doente, eu também não sei explicar o que é, mas algo afetou seu cérebro e prejudicou sua memória e o tornou meio retardado. Meu avô virou um bebezinho novamente e apesar da sua imensa lista de filhos, apenas dois estavam presentes o acompanhando e cuidando dele; o meu pai e minha tia.
Em uma sexta feira, estávamos meus pais e eu em Morro de São Paulo, pois meu pai iria correr. Recebemos a ligação: Meu. Avô. Está. Internado. E. Quase. Morreu. Hoje. Uma onda de preocupação encheu-nos, mas não voltamos para casa naquele dia. Havíamos acabado de chegar e minha tia disse que não havia necessidade, pois boa parte da família já estava lá e pelo limite de visitas, meu pai não poderia entrar. O dia em que saía de casa para viajar, foi a última vez que vi o meu avô. Ele estava na escada onde sempre ficava e dávamos tchauzinhos para ele enquanto meu pai falava: “Em outubro eu vou correr na Chapada e vou te levar”. Bem, em outubro ele estava internado. Isso nunca aconteceu e nem vai mais.
No hospital, meu avô piorava e melhorava. Nada mudava. Até que nesta quarta-feira passada no dia da minha apresentação de dança, meu pai me ligou quando eu estava me arrumando para o colégio. Lembro-me de suas palavras: “Seu avô vai fazer uma cirurgia hoje e não sabemos o que esperar. Talvez nós saibamos do pior... Mas se qualquer coisa acontecer, você vai se apresentar e fará em homenagem a ele”. Em assenti. As lágrimas caindo enquanto eu só conseguia dizer ok’s com a voz embargada. Fui para escola normalmente, chorei quando cheguei lá. Minhas amigas vieram para minha casa e eu fiquei bem. Esperei por uma ligação e nada aconteceu. Fui para minha apresentação e meu pai estava lá. Tudo havia dado certo.
Quatro dias se passaram. Dez da manhã de hoje. Acordo com meu pai andando de um lado pro outro, se arrumando as presas. Ele fala para minha mãe: “Eu não sei o que aconteceu. Mas se ela ligou para cá é por que ele faleceu.” E ele pede para minha mãe mandar mensagem para o meu tio. Ela não tem o número dele, mas ele está no grupo da família. Levanto da cama e vou ajuda-la a mandar a mensagem no privado. Mas foi só um pretexto para entender a situação. E o que eu entendi: meu avô morreu. Mas nada estava claro. Meu pai saiu e minha mãe foi para casa da minha tia ficar com ela. Sozinha em casa, eu chorei. Algumas horas se passam e minha mãe volta. Para me distrair, fiquei no netflix. Fez-me bem. Ela me olha e diz: “Você já sabe, não é? Seu avô partiu”. Eu fiquei parada por um instante e ela também. Comecei a chorar, mas não queria que ela notasse e ela notou.
Eu não tinha tanta intimidade com ele assim, apesar dele morar no andar acima da minha casa. Toda a minha infância eu vivi mais na casa da minha avó materna. E a dor seria bem pior se fosse com ela. É um horror confessar isso, mas é a verdade.
Eu não sei o que fazer. Não sei como agir. Não sei. Só sei que irei olhar para escada e meu avô não vai estar mais lá, gritando pelo meu pai. “Luizinho!” ele falava inúmeras vezes e não se cansava tão rápido. Era um saco. Mas agora sentirei falta disso. Agora a ficha caiu. Eu não irei ouvir sua voz nunca mais. Vai ser como se ele nunca tivesse existido. Nunca mais... Essa é uma palavra que achei que nunca usaria e que nunca faria sentido para mim. Agora faz. E é uma droga.  

2 comentários:

  1. "Vai ser como se ele nunca tivesse existido." nossa, Malu, sinto muito pela sua perda... sério mesmo. Meus pêsames para toda a sua família, estou enviando meus sinceros afetos a você. Sei bem como está se sentindo, um tio meu morreu tem poucas semanas e é realmente uma droga sentir esse pesar tão intenso, parece que a morte não existe até ela se mostrar de verdade, entende? :(
    Fique bem, tá?

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    Respostas
    1. Obrigada pelas suas palavras Gabi ❤️ Serio mesmo...
      E sinto muito pelo o seu tio também... Realmente. Você vê acontecer todos os dias, passa nos noticiários, nas estórias... Mas parece que só se torna real quando acontece com você.
      Tentarei ficar bem. Pior que estou em período de provas... O obrigada realmente Gabi ❤️

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